Um artigo científico é um tipo de texto acadêmico onde você escreve a sua pesquisa de forma estruturada. O artigo científico é o produto da sua pós-graduação deixado como legado para a ciência. Se não publicar o seu trabalho, você pode não conseguir o seu título de doutorado ou mestrado.
Você que é
mestrando(a) ou doutorando(a), frequentemente se sente cobrado ou cobrada a
publicar artigos científicos e não entende o porquê disso? Continue lendo esse
post, onde vou te mostrar todos os lados desse mercado de publicação.
1. O que é e como escrever um artigo científico?
Um artigo
científico é um tipo de texto acadêmico onde você irá escrever o que foi feito
na sua pesquisa.
Para isso, é
preciso ter um título, que dará ao leitor o entendimento sobre de que o seu
artigo se trata.
Depois é preciso
escrever quais foram as pessoas que fizeram parte dessa pesquisa.
A próxima seção
que deve ser escrita é o resumo. O ideal é escrever o resumo depois que
finalizar o artigo, pois você terá uma visão ampla do trabalho.
No resumo é
preciso escrever uma breve introdução apresentando o problema que a pesquisa
resolve, depois qual foi o objetivo geral do trabalho, quais métodos usou, os
principais resultados e a conclusão que na verdade é uma resposta ao objetivo.
A próxima seção
do artigo é a introdução, que deve ser entre uma e duas páginas. Nesta seção
você deve descrever qual é o problema que a sua pesquisa resolve e o impacto
que ele tem. Por que esse problema precisa ser estudado? O que falta de estudos
nessa área? Qual o propósito da sua pesquisa? Finalize a introdução com o objetivo,
ou seja, qual a pretensão em realizar essa pesquisa.
A próxima seção
é a metodologia onde é preciso descrever exatamente tudo que foi feito para
alcançar os resultados da pesquisa.
Se a revista
permitir, escreva a seção de resultados e discussão de forma conjunta, não
esqueça de comparar o seu resultado com outros estudos.
Por fim, escreva
a conclusão, que não precisa ser longa e deve conter uma resposta ao objetivo e
perspectivas do trabalho.
Na sequência vem
referências, agradecimentos, onde você agradece as agências de fomento e/ou
pesquisadores que ajudaram no projeto, mas que foi uma ajuda que não justificou
ele entrar como autor, por exemplo, quando apenas emprestou o equipamento e não
ajudou na escrita do artigo.
Algumas revistas
pedem a seção de contribuições dos autores, onde é necessário escrever as
iniciais de cada autor e exatamente o que ele fez no artigo.
Essa é uma excelente forma de justificar o número de autores no trabalho. Ou seja, só deve entrar, quem realmente ajudou.
2. Como definir a sequência de autores?
Aqui vou abrir
um parêntese para compartilhar algo interessante que aconteceu comigo, para que
você entenda a minha opinião sobre esse ponto.
Como você deve
saber, eu fiz um ano do meu doutorado nos Estados Unidos e lá eu aprendi com o
meu supervisor, que a ordem dos autores deve ser definida pela ordem de quem
mais escreveu no texto.
Para você ter
uma ideia, a gente contava o número de palavras que cada autor tinha escrito
para definir quem seria o autor principal.
Eu acho essa
forma fantástica, simplesmente porque é uma estratégia justa e correta. A gente
aprende nas disciplinas de metodologia científica na pós-graduação, que só deve
entrar no artigo, quem ajudou no processo de escrita.
Infelizmente,
aqui no Brasil, não é feito exatamente dessa forma. Normalmente quem define a
autoria do artigo e em que ordem os autores serão alocados, é o orientador. O
que nem sempre é justo, pois acontece de pessoas que não ajudaram efetivamente
na escrita do trabalho, entrarem como autor. Fecha parêntese.
Outra dúvida
comum dos alunos é se a posição de primeiro autor, pode ser compartilhada por
um segundo e quiçá um terceiro autor que igualmente colaborou no processo de
escrita.
Pode sim, para
tal, você coloca um asterisco no nome desses autores e escreve a seguinte
sentença: ” *These authors contributed equally to this work.”
3. Quantas páginas deve ter um artigo?
Se esse é o
primeiro artigo que você vai escrever, pode ficar pensando… quantas páginas um
artigo deve ter?
Meus alunos sempre
me perguntam isso.
Não existe um
número limite de páginas.
Tradicionalmente
os artigos são bem sucintos e diretos, ou seja, contam a história que deve ser
dita e acabou.
Quando a revista
diagrama o seu artigo, aquele manuscrito que tinha por exemplo, 35 páginas, só
fica com 17.
Porque eles
colocam no formato, usam fonte de letra menor e etc.
Agora uma coisa
que é preciso ficar atento(a) é nas normas da revista… cada revista tem uma
norma específica e alguns periódicos (=revista) limitam o número de páginas do
artigo, por isso, nunca escreva, sem olhar as intruções da revista que pretende
submeter, para já fazer tudo nas normas e não ter dor de cabeça e trabalho
dobrado depois.
4. Por que publicar um artigo científico?
Se você é
aquele(a) aluno(a) que já está mega cansado(a), com tudo dando errado, pensando
em desistir, com certeza se faz essa pergunta todo dia.
Primeiro eu
digo: força na peruca, pede ajuda aos universitários e vamos lá, juntos somos
mais fortes. Aguente firme que jajá passa, no final dá tudo certo e só sobram
as boas recordações.
Agora
respondendo a pergunta: Se você não publicar a sua pesquisa, que tanto deu
trabalho para ser executada, dificilmente alguém saberá que esse estudo foi
feito.
Consequentemente
ninguém usará a sua descoberta como base para futuras pesquisas e assim você
não terá contribuído para construção de conhecimento que gera produtos para a
sociedade.
Percebe a
importância que o seu estudo tem?
O conhecimento
científico é como se fosse um quebra-cabeça, você junta uma peça dali, outra
daqui e chega a um produto diferente.
Imagine o que
seria de nós, se os pesquisadores não trabalhassem incansavelmente pelo
desenvolvimento de vacinas que garantem a nossa sobrevivência?
Estaríamos
mortos.
E sempre tem
artigo novo sobre algum tipo de vacina.
Esse é o lado
bonito de publicar um artigo, disseminar as descobertas científicas.
Mas tem o outro
lado…
Aqui no Brasil,
você só defende o doutorado, se tiver artigo publicado. Essa não é uma
realidade em todos os países do mundo.
E quando essa
exigência existe, não há a métrica do qualis, que é uma medida inventada pelo
Brasil, mas que facilmente poderia ser resolvida pelo fator de impacto, como se
faz no resto do mundo.
5. Por que os professores precisam que os seus alunos publiquem?
Além da
contribuição para a ciência e obrigatoriedade pelo programa de pós-graduação,
seu (sua) orientador(a), fica toda hora te cobrando o artigo. E sabe por quê?
Porque ele só
orienta no programa de pós-graduação e aprova projetos de pesquisa para arrecadar
fundos e manter o grupo de pesquisa se mantiver a produtividade, que é medida
atualmente pelo número de artigos que ele tem com o aluno.
Antigamente a
métrica era baseada em número de publicações, foi aí que cresceram as parcerias
entre os diferentes grupos de pesquisas e instituições e o aluno nem sempre era
lembrado nos artigos.
Além disso, o
programa só sobe de conceito/nota na CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior), se tiver alta produtividade e internacionalização (quando
há intercâmbio entre alunos de diversos países).
Quanto maior a
nota do programa, mais recurso ele recebe para investir em pesquisa.
Percebe como
esse é um círculo vicioso e que cada um de nós é uma pedra nesse dominó?
No final das
contas, todos precisam uns dos outros, por isso a relação poderia ser mais
saudável. Ao invés de ser tão baseada em cobrança, que só adoece e desestimula
o aluno. E isso muitas vezes acontece, porque o aluno não entende as razões que
estão envolvidas naquela cobrança absurda e na importância de publicar o seu
trabalho.
Claro que quanto
mais publicação você tiver, isso pode aumentar as suas chances em futuras
oportunidades em um concurso, por exemplo, mas não é só isso.
Antes do seu
currículo ser avaliado, é preciso passar em uma prova escrita … se você tiver
muitos artigos, talvez nem todos sejam pontuados, a depender do barema, ou
talvez nem chegue na etapa de análise de currículo.
Por isso, é
preciso entender como o sistema funciona e traçar suas próprias estratégias.
Dessa forma, você consegue caminhar menos estressado(a) e mais consciente nesse
meio da pós-graduação.
6. Por que publicar artigos em inglês?
Grande parte das
revistas de maior fator de impacto, ou seja, aquelas que são mais citadas e de
maior renome são internacionais.
Os melhores
resultados da ciência são publicados nessas revistas.
Porque a língua
internacional da ciência é inglês.
Por isso que
existe essa pressão para que se publique em inglês.
Inclusive muitas
revistas brasileiras já estão incentivando a publicação em inglês dos artigos
científicos, como uma forma de aumentar a visibilidade dos trabalhos publicados
aqui.
7. Qual o lado negativo das publicações?
Mas visibilidade
para quem?
O fato dos
artigos serem publicados em inglês limita o público de leitores.
Para a gente ter
ideia, muitos pesquisadores tem dificuldade com a língua, imagine se um leigo,
como nossos pais ou avós, irão ter acesso a esses trabalhos?
Dificilmente
esses trabalhos são de acesso da população. Até porque em muitos casos são publicados
e mantidos em bases de dados pagas que limitam o acesso.
Sem contar que
alguns desses artigos, para não dizer a maioria, são publicados em revistas que
cobram valores altíssimos.
Por isso que
logo no início desse post, chamei essa prática de mercado de publicações, onde
só as grandes editoras ganham.
Pois os autores
pagam para publicar, esse dinheiro pode vir de projetos ou do bolso dos
pesquisadores.
Os avaliadores
(também chamados de revisores ou referees) são voluntários, que não recebem
nada por isso. Apenas um e-mail de agradecimento que serve de comprovante que
você atuou como revisor(a) e que pode ser pontuado no currículo.
Essa prática de
pagar para publicar limita grupos de pesquisa pequenos com poucos recursos.
Resumindo…
Execute sua
pesquisa, publique o trabalho na melhor revista que você conseguir. Faça isso
dentro de um planejamento próprio, saiba quantos artigos você precisa para
atingir os seus objetivos e trace uma estratégia.
Lembre-se que o
processo de uma publicação é demorado, então é importante estabelecer
parcerias, inclusive com seus colegas da pós-graduação, para fazer isso fluir
de forma mais rápida e efetiva.
Usufrua de tudo
que você puder na pós-graduação, que por mais que seja um momento difícil, ele
não volta.
Ignore o que for
de negativo e plante todos os frutos que você precisa colher no futuro.
E lembre-se,
estou sempre aqui para ajudar na escrita dos seus artigos =)
Repost de Blog.SejaPhD.com | Dra. paula Menezes | http://blog.sejaphd.com/por-que-publicar-um-artigo-cientifico/
Nenhum comentário:
Postar um comentário