Meu primeiro contato com a Biblioteca da ESALQ ocorreu há mais de meio século, no longínquo ano de 1958 quando estudante do segundo ano do Curso de Agronomia. Naquela época a Biblioteca ocupava grande parte do segundo andar do Prédio Principal e estava organizada em dois ambientes: a sala de leitura e o depósito do acervo. Entre esses dois ambientes um sisudo Sr. Arruda, o auxiliar de bibliotecário que atendia os raros alunos consulentes, passando-lhes uma ficha para ser preenchida com os dados da obra solicitada.
Meio deslumbrado e um tanto embasbacado nessa primeira vez que adentrava uma biblioteca e biblioteca da USP, pergunto:
_O que faço com essa papeleta? A resposta veio rápida e em tom de advertência:
_lsso não é papeleta! É uma Requisição de Material Bibliográfico! O senhor vai até aqueles fichários e lá procura as informações sobre a obra que está procurando, preenche a requisição e depois a entrega-me de volta, entendeu?
_Sim senhor! Respondi, meio gaguejante.
A partir daí o deslumbramento inicial foi desvanecendo a medida que remexia as pequenas fichas com nomes dos autores, títulos das obras, algumas outras informações e uns tantos números cuja utilidade não tinha a menor ideia. Encontrado o livro, preenchida a tal Requisição, voltamos ao bibliotecário sisudo que, aliás, tinha um insólito apelido: "Dezóito". Tirando os olhos do jornal e me olhando por cima do aro dos óculos, pegou a requisição, conferiu o preenchimento e depositou-a numa caixa sobre a mesa, dizendo:
_O senhor pode passar amanhã, nesse mesmo horário, pegar o livro para consultá-lo aqui na sala de leitura. Material bibliográfico do acervo só sai da biblioteca com requisição assinada por professor catedrático, entendeu?
_Sim senhor, entendi! Boa tarde.
Desci a majestosa escadaria em mármore fazendo a mim mesmo uma solene promessa de nunca mais voltar à biblioteca da ESALQ durante todo o restante do curso.
Relembrando esse fato, hoje sinto imensa satisfação ao entrar na Biblioteca Central da ESALQ e bem perceber as gigantescas mudanças ocorridas. Mais do que isso, perceber também que a equipe hoje gestora desse complexo instrumento de aquisição do saber acha-se sólida e profundamente preparada para enfrentar os desafios do avançar da modernidade tecnológica e da acelerada mudança nos paradigmas de acesso à informação. Parabéns a toda equipe de dedicados e eficientes funcionários e estagiários da meritória Biblioteca Central da ESALQ.
Eu recomendo!
Prof. Luiz Geraldo Mialhe
Luiz Geraldo Mialhe é Engenheiro Agrônomo, Professor Titular aposentado do Departamento de Engenharia Rural da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", da USP, Piracicaba, São Paulo, é autor dos livros:
- Mialhe, Luiz Geraldo. Manual de mecanização agrícola. São Paulo: CERES, 1974 301 p. (esgotado);
- Mialhe, Luiz Geraldo. Máquinas motoras na agricultura. São Paulo, EPU-EDUSP, 2 vol., 1980, 289 e 367 p. (esgotado);
- Mialhe, Luiz Geraldo. Máquinas agrícolas; ensaios e certificação. Piracicaba: FEALQ, 1996. 722p. (esgotado);
- Mialhe, L.G.; Silva, C.G.; Galdino, A.M. Gestão da Manutenção da Malha Viária Municipal. Campinas, Millennium, 2006, 131 p.;
- Mialhe, Luiz Geraldo. Máquinas agrícolas para plantio. Campinas, Millennium, 2012, 622 p. (no prelo).
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