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quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Horário de atendimento da Divisão de Biblioteca nas férias



De 09 de dezembro a 14 de fevereiro de 2020, o horário de atendimento na Divisão de Biblioteca será:
- Biblioteca Central: segunda a sexta-feira, das 7h45 às 18h;
- Biblioteca Setorial do LES: segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 14h às 18h.

Destaca-se que permanecerão fechadas de 23 de dezembro a 03 de janeiro de 2020 em virtude do recesso de final de ano.

Desenvolva o hábito de valorizar o "bom"



Quem nunca reclamou de um produto ou serviço recebido, que atire a primeira pedra! Se alguma vez você se sentiu insatisfeito com uma situação e externou seus sentimentos por meio de reclamações, não fique constrangido; não foi o primeiro e nem será o último a fazer isso. 

A verdade é que em boa parte das vezes, senão na maioria delas, as pessoas verbalizam os fatos que não estão em conformidade com os padrões pessoais de qualidade, seja por meio de um formulário de reclamações ou numa conversa direta com o gestor do serviço oferecido.  

Estranhamente, em circunstâncias em que o ambiente é favorável aos mesmos preceitos apresentados acima, nem sempre elas reagem com a mesma determinação a fim de “valorizar o que é bom”, ou pior, em muitas das vezes o valor agregado ao produto nem é percebido pelo cliente. O hábito de reconhecer que algo que gerou valor para nossas vidas é uma forma de tornar as pessoas melhores no que fazem e, por consequência, eficiência no processo de entrega do produto ou serviço. 

Tomemos como exemplo o perfil de Carlos Eduardo Otoni, Gestor do Processo Apoio Administrativo da Divisão de Biblioteca da ESALQ e líder de uma equipe formada por seis pessoas. Em sua pasta de serviços se destacam a gestão dos recursos financeiros, aquisição de material permanente e de consumo, manutenção predial e de equipamentos, suporte aos usuários internos e externos em informática, identidade visual, eventos e divulgação, suporte administrativo e gerenciamento do site e redes sociais. 

Ele ressalta que para atender às solicitações de seus clientes internos e externos, dentro da legalidade da gestão pública, é preciso se reinventar todos os dias para garantir a o atendimento às demandas, já que a principal dificuldade enfrentada pela sua equipe é a restrição de recursos financeiros, pois nem todas as demandas podem ser atendidas prontamente conforme o desejo dos seus clientes. 

Entretanto, quando você se utilizar de um serviço oferecido pela Biblioteca, seja um empréstimo de livro ou uso da sala de leitura, note que outros recursos estão agregados ao seu produto para garantir a sua satisfação por meio do seu bem-estar e segurança: ar-condicionado, chão limpo, iluminação adequada, banheiros limpos, internet, monitoramento do câmeras, etc. “Embora, nem sempre eu consiga atender a todas as necessidades dos usuários, uma vez que o uso dos recursos financeiros é racionado, zelar pelo conforto e bem-estar do aluno, é mais que um dever, é uma satisfação”, acrescenta o gestor.

Texto: Silvio Bacheta | comunica.dibd@usp.br

terça-feira, 26 de novembro de 2019

Respeito ao passado, com olhos para o futuro

Com o slogan Conheça a Esalq, foram criadas pela equipe da Divisão de Comunicação da Escola peças de comunicação, com informações sobre a Esalq hoje, o ensino (graduação e pós-graduação), Pesquisa, Cultura e Extensão Universitária, Cooperação Acadêmica e Internacional.

Saiba mais: https://www.esalq.usp.br/comunicaesalq/pecas/2-conheca-a-esalq 







Professor da USP que inventou o termo ‘agrotóxico’ relança livro sobre o tema



Nestes tempos em que a Câmara dos Deputados tenta aprovar um projeto de lei que prevê, entre outros itens, adotar a palavra “pesticida” para definir os produtos químicos que combatem pragas e doenças na agricultura, um professor da Universidade de São Paulo relança, hoje (sábado, 23), um livro cujo título se contrapõe logo de início à iniciativa: “Pragas, agrotóxicos e a crise ambiente – problemas e soluções”. Foi justamente este engenheiro agrônomo e professor titular da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da USP, Adilson D. Paschoal, que cunhou, há 42 anos o termo “agrotóxico”.

Em seu livro, que estava esgotado e está sendo relançado, após 40 anos pela editora Expressão Popular, o professor Paschoal, que também é Ph.D em Ecologia e Conservação de Recursos Naturais pela Ohio State University e criador da disciplina “Agroecologia e Agricultura Orgânica” na Esalq, discorre sobre como os ecossistemas funcionam, como os agrotóxicos atuam no ambiente e explica, cientificamente, a razão para o exponencial aumento do número de pragas depois que os venenos passaram a ser usados em larga escala no campo.

Na época do primeiro lançamento, há quatro décadas, o livro abriu os caminhos para a agroecologia em terras tropicais, juntamente com outra “bíblia” da agricultura orgânica, “Manejo Ecológico do Solo”, da engenheira agrônoma Ana Maria Primavesi. Se hoje o cultivo e o mercado de alimentos orgânicos crescem exponencialmente, não se pode deixar de atribuir isso fundamentalmente à obra desses dois pesquisadores, que por décadas percorreram o Brasil para difundir suas ideias entre agricultores, pesquisadores e outros interessados.  O professor de 78 anos costuma contar que, na época da primeira edição, os estudantes interessados no assunto andavam com dois livros embaixo do braço: o de Ana Primavesi e o dele.

Em entrevista ao Estado, Paschoal explica por que preferiu adotar o termo “agrotóxico”, e não “pesticida”, “agroquímico”, “praguicida” ou “defensivo” – este, o mais usual na indústria fabricante de agroquímicos. “O termo ‘agrotóxico’ surgiu em 1977, da necessidade que havia de uma terminologia para os produtos usados na agricultura e na criação animal, que traduzisse exatamente a natureza deles, ou seja, de serem tóxicos a todo tipo de vida”, descreve, dizendo também ser uma palavra de fácil entendimento quanto ao perigo que representa. “A palavra ‘agrotóxico’, que vem do grego ‘agros’ (campo) e ‘tokicon’ (veneno), tem sentido geral e inclui todos os produtos de natureza tóxica usados na agricultura para o manejo de pragas, patógenos (doenças) e ervas invasoras”, descreve o professor, lembrando, ainda, que a ciência que estuda os efeitos desses tipos de produtos é chamada “Toxicologia”.

À parte as explicações científicas, o fato é que o nome “pegou”, foi adotado oficialmente pela legislação brasileira e é o mais ouvido no meio rural e nos centros urbanos.

Quanto ao agrotóxico em si, Paschoal acredita que se trata de um ingrediente fadado a uma ineficiência cada vez maior. Ao Estado e também no seu livro, ele descreve a imensa capacidade de adaptação dos insetos e, consequentemente, sua habilidade em criar resistência cada vez maior aos venenos agrícolas. Por isso, para o professor, a indústria fabricante pode continuar desenvolvendo novos ingredientes ativos, mas, cedo ou tarde, eles acabarão se tornando ineficazes. “Os insetos estão neste mundo por cerca de 500 milhões de anos e a espécie humana (Homo) há pouco mais de 2 milhões; houve, assim, pelo menos 498 milhões de anos para os insetos se adaptarem às condições adversas do meio, criando resistência, no caso a produtos químicos, como mecanismo pré-adaptativo”, explica.

Ele comenta também que desde a Revolução Verde, na década de 1960 – que lançou as bases do uso intensivo de adubos químicos e agrotóxicos na agricultura, aliado à monocultura -, princípios ativos foram sendo substituídos por outros, sem que o problema das pragas e doenças agrícolas tivesse sido resolvido. “A própria FAO abandonou a ideia de Revolução Verde e passou a apoiar a agroecologia”, assinala o professor. “Não se pode continuar a combater o efeito; é preciso descobrir o que leva as espécies a se tornarem pragas, e um desses fatores de desequilíbrio é o agrotóxico.”

Paschoal prova, em seu livro, a relação entre o volume de agrotóxicos usados com o aumento do número de pragas. Ele cita, por exemplo, que até 1958, 193 pragas existiam nas culturas no País. De 1958 a 1963, 50 outras foram adicionadas. “De 1963 a 1976 – já com o pacote da Revolução Verde sendo empregado -, 350 outras espécies foram acrescidas como pragas dessas mesmas culturas”, comenta. “Ou seja, de 1958 a 1973, 400 espécies foram referidas como pragas, na média de 22 novas pragas por ano.” No mesmo período, diz, 204 agrotóxicos foram postos no mercado brasileiro. Além disso, hoje o Brasil figura entre os principais consumidores de agrotóxicos no mundo.

A parte “soluções” no título do livro reside, segundo Adilson Paschoal, na agroecologia, que fundamentalmente preserva os inimigos naturais das pragas, e não os elimina, como fazem os agrotóxicos. “Nos trópicos, o que restringe a incidência de pragas não é o frio, como nos países de clima temperado, mas a biodiversidade”, continua. “O problema é que os agrotóxicos eliminam, além da praga, seus inimigos naturais, acentuando os danos.” Por isso Paschoal defende uma “virada de chave” nos sistemas agrícolas, em favor dessa biodiversidade. “Qualquer sistema biodiverso é sustentável e estável”, diz.

Mas ele alerta que, na agricultura industrial praticada atualmente é impossível deixar de usar agrotóxicos: “As pragas dariam cabo de tudo”, diz. Isso porque o sistema não é pouco biodiverso e depende da tríade adubo químico-agrotóxico-sementes melhoradas. O professor da USP defende, por isso, a agroecologia, que se assenta em princípios muito diferentes, nos quais a praga fica sob controle natural pelo uso de variedades resistentes ou tolerantes, os inimigos naturais são preservados e o solo é um meio biológico, que alimenta com uma riqueza diversa de nutrientes os vegetais, e não apenas um “suporte” para as plantas.

Quanto ao argumento recorrente, de que a agricultura orgânica não conseguiria ser feita em larga escala, ele lembra do exemplo da família Balbo, dona da marca Native, que cultiva mais de 15 mil hectares de cana orgânica em Sertãozinho (SP). Além disso, “o tamanho da propriedade não é razão limitante para o emprego de técnicas agroecológicas”, ressalta. “Para mim, uma propriedade de 600 hectares representa quatro de 150 hectares, que podem ser manejadas adequadamente fazendo-se rotações de culturas de modo a garantir diversidade, estabilidade econômica e otimização do uso de energia no sistema.”

* O lançamento foi neste sábado, às 10h, no auditório Paulinho Nogueira, no Parque da Água Branca – Av. Francisco Matarazzo, 455, São Paulo (SP). O evento teve palestra do próprio Professor Adilson, com sessão de autógrafos, e a presença da Dra. Ana Primavesi.

O Estado de São Paulo. 22/11/2019, 15h00

POR TÂNIA RABELLO TÂNIA RABELLO. 


Jornalista especializada em agricultura, mas cada vez mais "convertida" para a agroecologia e outras formas de produzir e processar alimentos de maneira íntegra e saudável.